Autores: Alexandre Borges, Hellen Brasileiro, Jamily Lira, Jossandra Lima, Kayo Patryck, Reydson da Silva e Roberta Jamylle.
USO DE DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS E PADRÕES DO CICLO VIGÍLIA/SONO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES URBANOS
Autor: Tâmile Stella Anacleto
ANACLETO, 2017
O ciclo vigília/sono (CVS), em um indivíduo adulto da espécie humana, é caracterizado por um episódio de repouso noturno e por um episódio de vigília diurna que se repetem ao redor de 24 horas (MARQUES; MENNA-BARRETO, 2003). No entanto, esse padrão sofre modificações ao longo da vida, sendo comum a ocorrência de episódios de sono diurno nos primeiros anos da infância e durante a senescência. (pag. 17, §1)
Essa tendência, no entanto, choca-se com os horários escolares ou de trabalho, cujo início geralmente se dá mais cedo do que gostariam os adolescentes. Assim, é facilmente observada nessa faixa etária, a ocorrência de redução das horas de sono e aumento da sonolência durante o dia (MEIJER, 2008; PEREIRA et al., 2010), não sendo raros os episódios de redução da atenção ou até mesmo de cochilos em ambientes sociais (CALAMARO et al., 2009) (pag. 17, §3)
sabe-se que influências ambientais, como exposição à luz elétrica à noite, podem agravar esse quadro. Prova disso foi obtida em trabalhos como o conduzido por Louzada e Menna-Barreto (2004). Os autores verificaram que os adolescentes com acesso à energia elétrica dormiam mais tarde durante dias letivos e dias de final de semana do que os adolescentes sem acesso à energia elétrica em casa. (pag. 18, §1)
Entre esses efeitos figuram os prejuízos à quantidade e qualidade do sono, uma vez que o hábito de utilizar esses dispositivos à noite, algumas horas antes do horário de dormir ou imediatamente antes do início de sono, após deitar-se na cama, tem sido parte do cotidiano da maioria das pessoas (BRUNI et al., 2015; HYSING et al., 2015; ARORA et al., 2014; KUBISZEWSKI et al., 2014; GRADISAR et al., 2013; CALAMARO et al., 2009) (pag. 21, §2)
Segundo a Academia Americana de Pediatria, o uso de dispositivos eletrônicos, especialmente próximo à hora de dormir é um dos fatores relacionados às alterações de sono observadas na população pediátrica (OWENS, 2014). (pag. 22, §2)
No Brasil, são conhecidos os trabalhos conduzidos por Reimão e Duarte. Em trabalho publicado em 2007, os autores investigaram os padrões de sono, uso noturno de computador e estresse. Os autores verificaram que o uso do computador aliado ao estresse influenciaram negativamente a qualidade do sono dos sujeitos (REIMÃO; DUARTE, 2007). (pag. 23, §1)
Foley et al., em estudo com dados coletados entre 2008 e 2009, avaliaram as atividades mantidas nos 90 minutos que antecediam o início de sono. Os resultados permitiram observar que sujeitos que mantinham atividades sedentárias frente a uma tela apresentaram início de sono mais tardio do que sujeitos que nesse mesmo período estavam envolvidos em atividades de autocuidado (como banho ou higiene oral) ou que estavam envolvidos em atividades sedentárias sem uso de telas, como leitura (FOLEY et al., 2013) (pag. 24, §3)
Entre os resultados observados foi encontrada reduzida duração de sono somente naqueles indivíduos que relatavam usar televisores, aparelhos celulares ou computadores em altas doses, ou seja, na maioria das noites (GAMBLE et al., 2014) (pag. 24, §1)
Além disso, a utilização de celular ou computador antes de dormir associou-se a sentir-se menos descansado e mais sonolento durante o dia. (PIETERS et al., 2014) (pag. 24, §1)
A primeira delas [hipóteses que explicam a associação entre o uso de eletrônicos e os prejuízos ao sono] seria de que as associações entre uso de mídias eletrônicas e padrões de sono poderiam ser parcialmente justificadas pelos efeitos da exposição durante a noite à luz emitida por equipamentos eletrônicos sobre a supressão da secreção de melatonina, hormônio secretado pela glândula pineal durante a fase escura do ciclo claro/escuro ambiental. (WOOD et al., 2006) (pag. 29, §2)
A segunda hipótese para explicar a associação entre prejuízos de sono e uso de dispositivos eletrônicos seria a possível excitação cognitiva (DE VALCK et al., 2004; GRADISAR et al., 2013) gerada pela interação do usuário com seus dispositivos. (pag. 30, §3)
USO DO CELULAR ANTES DE DORMIR: UM FATOR COM MAIOR RISCO PARA SONOLÊNCIA EXCESSIVA EM ADOLESCENTES DE ESCOLAS MILITARES
Autores: Evanice Avelino de Souza, Julio Cesar Barbosa de Lima Pinto e Felipe Rocha Alves
SOUZA et al., 2020
O sono é essencial para a maturação física, intelectual e emocional de crianças e adolescentes e, consequentemente, para o desenvolvimento da saúde. Bons hábitos relacionados ao ato de dormir são fundamentais para a promoção de um sono saudável (SLUGGETT et al., 2019) (pag. 2, §1)
Esse atraso de fase é exacerbado pelo aumento da interação social noturna e está em contraste com os horários de início das aulas em período matutino, o que contribui significativamente para a redução das horas de sono (FELDEN et al., 2014) (pag. 2, §2)
É amplamente aceito que a exposição a fatores de risco comportamentais, incluindo hábitos irregulares de sono, se inicia na adolescência e que esses comportamentos podem ser transferidos para a vida adulta. (HALLAL et al., 2012) (pag. 2, §3)
Nesse contexto, o uso de aparelhos eletrônicos vem crescendo cada vez mais entre adolescentes, principalmente no momento em que eles vão dormir, pois tendem a ficar deitados e, assim, a permanecer utilizando os aplicativos de conversação ou redes sociais. Dessa maneira, a problemática da baixa duração do sono, já diagnosticada nesse período da vida, pode ser agravada com o uso desses aparelhos próximo ao horário de dormir. (SOUZA et al., 2020) (pag. 2, §3)
RELAÇÃO ENTRE O USO DO TELEFONE CELULAR ANTES DE DORMIR, QUALIDADE DO SONO E SONOLÊNCIA DIURNA
Autores: Carine Cristina Moraes de Freitas, Agda Lopes Donnabella Marconi Gozzoli, Juliana Naomi Konno, Vera Lucia Ribeiro Fuess2
FREITAS et al., 2017
O sono tem um papel fundamental na saúde e no bem-estar das pessoas. A qualidade do sono tem influência sobre a saúde mental, a saúde física e a qualidade de vida do indivíduo. (REIMÃO, 1996) (pag. 2, §1)
Nas últimas décadas, principalmente com o advento da acessibilidade e portabilidade das diversas mídias, a sociedade tem sido protagonista de um largo aumento no uso de aparelhos eletrônicos. À medida que esses aparelhos se tornam mais leves e portáteis, tem sido crescente o número de pessoas que os levam a qualquer lugar, inclusive para cama (FOSSUM et al., 2014). (pag. 2, §4)
O uso de smartphones à noite interrompe o sono e está associado a um maior desgaste e menor engajamento durante as atividades do dia seguinte (LANAJ K et al., 2014). Quanto maior o uso do celular, maior a deterioração da qualidade do sono (SAHIN et al., 2013). (pag. 2, §8)
Autores sugerem que uso de mais de um aparelho eletrônico por longos períodos de tempo pode diminuir a produção de melatonina, responsável pela regulação hormonal do sono (REIMÃO, 1996). (pag. 2, §10)
Pesquisas anteriores apontam que a abstinência do uso de celulares por uma hora antes de dormir, ocasiona melhora nos parâmetros qualidade do sono e sonolência diurna (LANAJ K et al., 2014), uma vez que o uso do celular antes de dormir está relacionado a uma pior qualidade do sono na mesma noite. (pag. 9, §1)
IMPLICAÇÕES DA PRIVAÇÃO DO SONO NA
QUALIDADE DE VIDA DOS INDIVÍDUOS
Autores: Leonardo Guimarães; Mayara Schirmer e Zuleika Costa.
GUIMARÃES et al., 2018
As alterações na qualidade do
sono estão associadas a diferentes prejuízos na vida do indivíduo. A insônia,
por exemplo, está associada a prejuízos cognitivos e ocupacionais, bem como
comprometimentos na manutenção da atenção concentrada e no desempenho da memória.
Há também relações entre os níveis de ansiedade e com a privação do sono.
Considerando que o nível de estresse e a exposição à luz artificial podem
prejudicar na qualidade do sono, parece ser pertinente problematizar as
influências entre o estilo de vida contemporâneo e suas implicações na
qualidade do sono dos indivíduos. (pag. 148, §4)
A exposição à luz, natural ou artificial, prejudica o sono por bloquear a ação da
melatonina5-8. Conforme mencionado nas seções anteriores, a melatonina é um hormônio
responsável por promover sensação de relaxamento e por permitir a sedação. Acordares
noturnos e insônia podem ser causados por baixo nível de melatonina no organismo. Tanto
que existem fármacos que mimetizam a ação da melatonina do organismo sendo utilizados
com eficácia no tratamento da insônia34. Há estudos inclusive demostrando que tais fármacos
podem prevenir doenças neurodegenerativa e processos inflamatórios35,36. Uma opção natural
para o tratamento de transtornos relacionados ao sono seria reduzir gradativamente a
exposição à luz ao longo do dia. (pag. 150, §2)
Nesta breve revisão os autores concluem que os hábitos contemporâneos de exposição
constante a equipamentos eletrônicos que emitem luz artificial, bem como jornadas excessivas
de trabalho e até mesmo rotinas exacerbadas no ambiente acadêmico podem causar
implicações na regulação do sono. Num curto período, estes hábitos podem causar prejuízos
na estabilização do humor, no desempenho cognitivo e até mesmo no processo de
aprendizagem. A medida que esta rotina vai se agravando, as complicações decorrentes de tais
hábitos podem evoluir para disfunções metabólicas, processos pró-oxidantes e próinflamatórios e, em casos mais severos, processos neuroinflamatórios e neurodegenerativos. (pag. 151, §2)
A contemporaneidade defende valoriza
demasiadamente a produtividade, e os indivíduos passam a ver na produtividade
elevada um sinônimo de sucesso profissional e até mesmo pessoal. Todavia, é
importante que o sucesso profissional e as conquistas pessoais ocorram
gradativamente e de forma saudável, evitando possíveis malefícios resultantes
desta produtividade compulsiva. Destaca-se a importância de tornar acessível ao
público geral a real importância do sono qualificado para a qualidade de vida
dos indivíduos. Igualmente, os autores julgam importante a adoção de políticas
públicas visando prevenir desordens associadas à privação do sono. (pag. 151, §2)
FATORES ASSOCIADOS À ADICÇÃO
AO SMARTPHONE EM UNIVERSITÁRIOS
DE ENFERMAGEM.
Autores: Laynara Maria das Graças Alves Lobo; Yolanda Dora Martinez Évora; Ana Maria Ribeiro dos Santos; Marcia Teles de Oliveira Gouveia e Elaine Maria Leite Rangel Andrade.
LOBO et al., 2022
A adicção ao smartphone envolve comportamentos compulsivos que ocorrem por meio
da verificação repetida de mensagens; tolerância verificada pela longa permanência e uso mais
intenso do dispositivo; abstinência relacionada a sentimentos de agitação ou angústia na ausência
do dispositivo; e comprometimento funcional provocado pela interferência do dispositivo em outras
atividades da vida e nas relações sociais. (pag. 3, §2)
A adicção ao smartphone pode estar associada a solidão4
. estresse, ansiedade e qualidade
do sono5–6
, diminuição da prática de atividade física, aumento da massa gorda e redução da massa
muscular, acidentes e prejuízos acadêmicos dos universitários relacionados à distração por constante
verificação de mensagens de texto, mídias sociais e e-mails. (pag. 3, §3)
Estes dados reforçam a necessidade de se construir intervenções educativas e de se
desenvolver políticas públicas de promoção da saúde e prevenção da adicção ao smartphone e de
comorbidades relacionadas em universitários de Enfermagem. Ressalta-se a influência da Enfermagem
no reconhecimento das variáveis associadas à adicção ao smartphone no cotidiano universitário bem
como no desenvolvimento de estratégias que promovam saúde e bem-estar e previnam a adicção
ao smartphones nos universitários, ainda na academia. Outro aspecto a ser observado, em estudos
futuros sobre adicção ao smartphone em universitários de Enfermagem, é a pandemia da COVID-19.
Essa variável precisa ser investigada, pois pode ter aumentado a exposição dos universitários de
Enfermagem ao smartphone, interferindo na prevalência e nas consequências desse problema
nesse público-alvo. (pag. 9, §3)
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